quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

MADONNA E O PAPA OU A AERÓBICA DA INDÚSTRIA CULTURAL

Lembro da primeira vez que João Paulo II veio ao Brasil. Emocionante, um milhão de pessoas no aterro do flamengo. Por onde passava arrastava multidões. Já na segunda visita, para reunir cem il na missa foi duro. Foi preciso uma ampla campanha publicitária. A primeira foi uma visita de um olimpiano - expressão cunhada pelo sociólogo Edgard Morin - O que leva a criar estes seres imaginários? Olimpianos e alimpianas são sobre-humanos no papel que eles encarnam na imaginação do público mas humanos na existência privada que eles levam e que é tão devassada pela curiosidade alheia. A imprensa age de duas formas: ao mesmo tempo em que os coloca num altar mitológico, mergulha em detalhes de suas vidas privadas a fim de extrair delas a substância humana que gera a identificação com seus “devotos”. Têm assim natureza humana e sobre-humana . Morin acrescenta : “um Olimpo de vedetes domina a cultura de massa, mas se comunica , pela cultura de massa , com a humanidade corrente”. Essa dupla natureza, a divina e a humana, circulam entre dois pólos – projeção e identificação. Eles realizam os sonhos que os mortais não podem realizar e os chamam para realizar o imaginário. Ao conjugarem a vida cotidiana e a vida olimpiana, os olimpianos se tornam modelos de cultura no sentido etnográfico do termo , isto é: modelos de vida.

Passei por este estado olimpiano na primeira visita de Madonna. Fui dormir na fila, fiquei no gargarejo e assim como outros pensava na pop-star acima do bem e do mal. Pois bem, segunda visita ao país e já começei questionando preços, depois o imbroglio das vendas pela internet da empresa promotora. Tudo me aborrecia e finalmente, depois de muito tentar, claro, surgiu um convite para um camarote de uma empresa aérea (não faço merchan). Lógico que fui, tentando me animar. Ao lado de onde fiquei o camarote de uma loja de roupas e outro de empresa de telefonia celular. ( A diva perguntou "o que era camarote" e porque só no Brasil existia isso") Os olimpianos daqui conversaram o show inteiro, (no imaginário eles podem) a diva desafinou, o microfone falhou e finalmente, humanamente, ela escorregou...
Assim como o papa os ingressos sobraram, no jantar do papa não apareceu um só chefe de estado que esperavam. Na festa da Madonna, no Fasano, sentada em uma cadeira-trono, só se aproximava dela quem a assessora de imprensa chamava. Ronaldinho e Jesus Luz. Somente.

O que é que eu estou fazendo aqui no inferno de Dante, Jesus.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

NADA EM NOVEMBRO

Em novembro não publiquei nada. Não, não é preguiça. Falta de tempo, trabalho. Muito. Hoje eu observei um comportamento diferente. Antes cético, agora leio o horóscopo todos os dias. E de vários jornais. Por mais que uma amiga diga que aquilo é escrito pelo boy do jornal o que importa é tentar prever o futuro. Mesmo que ele nao exista. Eisntein disse, acho que foi ele, que se conseguissemos ver o futuro viveríamos num eterno passado.

Sobre isso que gostaria de escrever hoje, a nossa mania de querer desvendar o futuro. Se vamos envelhecer, quando vamos morrer, de quê vamos morrer, se teremos dinheiro para aproveitar a aposentadoria ou se dará apenas para comprar os remédios. A Barbara, da Folha, diz hoje que eu tou inspirado, comunicativo, persuasivo e carismático. Obrigado, são quase sete da noite e vários destes sentimentos não apareceram.

José Saramago (Nobel de Literatura) observou que " Todos sabemos que cada dia que nasce é o primeiro para uns e será o último para outros e que, para a maioria, é so um dia mais.

Não é que ao virar a página e olhar a última folha do mesmo jornal vejo a seguinte crítica " Saramago é um escritor irregular e suas piores obras são feitas pra deslumbrados iletrados"

Este pobre iletrado aqui leu a critica toda de um tal Coutinho, na Folha, e ao final ele só elogia o escritor e o novo livro. Deve ser alguma nova técnica de resenha que não aprendi. Diz que o novo livro Viagem do elefante é a obra-prima do autor(sic!) Se ele escreve para iletrados como pode existir uma obras-prima na sua obra? Lógica do tinhorão.

Como quero morrer iletrado e sem saber meu futuro.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

O INFERNO SÃO OS OUTROS

Uma cena fantástica na TV. Seria excelente se o CQC pautasse uma visita aos cultos fanáticos/religiosos do Rio de Janeiro.

Cena 1 - Mulher de uns 50 anos se diz feliz e com a vida resolvida depois de sofrer o pão que o diabo (sempre ele) amassou...
Cena 2 - A mesma mulher em casa. A sogra da mulher é feiticeira, passa o dia fazendo bruxarias. O marido bate nela, todo santo dia. E bebe! O filho entrou para o CQC quer dizer para o CV e ela encontra com ele com um R15.
Cena 3 - A mulher desesperada sai de casa e diz que quer morrer. Vai se matar. O diabo(ele de novo) diz: Vai que eu mando o ônibus.
Cena 4 - Mulher na via expressa com carros a 100 por hora e ônibus também e quando o fim está próximo uma voz diz: Você entregou sua vida para mim e não pode dispor dela.
Cena 5 - A mulher passa a frequentar o culto e tudo se resolve. Depois do dízimo, claro! O marido se converte. Nunca mais bate nela. (perdeu o tesão). O filho se converte e larga o tráfico. A sogra se converte e não faz mais bruxarias.

Uma grande amiga, obrigado Ana, mandou uma frase que podemos interpretar assim; ressentimento é um veneno que você toma e quer que o diabo morra.

sábado, 20 de setembro de 2008

NOVA ORTOGRAFIA

Em breve uma mova mudança na ortografia. Cai o trema. Não sei como vou fazer para dizer ubiquidade sem o trema. Afinal a web 3.0 que está chegando e ela, segundo dizem, tem o dom da semântica e da ubiquidade. Como trabalho com a ubiquidade vai ficar complicado.

Passamos a ter 26 letras -k,w e y - como se alguém deixasse de chamar Ygor ou Washington porque elas não estavam incorporadas oficialmente ao nosso dia-a-dia(ops!erro?)

Mas a mudança que vai me fazer mais falta é o acento diferencial de pára - flexão verbal e para - preposição. Sempre estive para você, este alguém que faz parte da minha vida de forma constante, sempre estive para essa pessoa de corpo, e de alma de todas as formas possíveis para que minha presença fosse notada.

Mas o pára que sempre escuto é esse. Apesar de você não crer em mim - também passa a ser creem, sem acento - a solidão que escuto do meu interior não pára de gritar para que eu tome meu rumo, para que eu respeite seu "casamento". Sempre me lembro da canção que elegi como nossa: "não importa com quem você se deite, apenas te peço que aceite o meu estranho amor". Preciso parar logo com isso. Sou um contraregra (sem hífem) que tem de seguir as regras, seguir o destino.

Nunca acreditei muito nele, afinal mudamo-os a todo instante. Nunca nos preocupamos muito com as palavras, mas como elas têm (assim mesmo) poder. Nunca nos preocupamos muito com a ortografia. Às vezes nem com os sentimentos das pessoas. Normalmente ignoramos as (pára) reformas que podemos fazer.

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

CHINESES

Não, não é um post sobre chinas. Nem piadas. Apenas observações:

1. Eu não vejo novela(kkk), mas no capítulo do dia 05 de agosto de A Favorita a Flora, depois de 18 anos de cadeia no Brasil, decide ir ao Cinema e a Claudia Raia (aquela que já matou o cinema) decide matar a Flora. Não é que ela descobriu o filme e achou o cinema? Nem Groucho Marx conseguiria tanto.

2. A Jade, nossa maior promessa(hum!) de medalhas parece que está sempre chorando, observe...

3. A Globo colocou o Bial para fazer a parte investigativa e triste da China. Tá bom, tá muito bom. Devíamos aprender porque se come escorpião e besouros. Talvez nosso lixo não fosse tão rico.

4. Mas o que é a personagem (não vejo novela) do Murilo Benício. Ele precisava de um estágio com a Máfia em New York ou aqui mesmo no Turano.

5. A Folha de São Paulo - datafolha - merece os parabéns pela pesquisa sobre a juventude do futuro. Leiam. Caderno Especial de 27 de julho.

6. O que seria da Rede TV! sem o Rafael do polegar, todo santo dia ele está lá...

domingo, 15 de junho de 2008

DIA DOS NAMORADOS

Ainda bem que passa rápido, só mais um dia. Vou contar uma fábula, quem quiser que entenda da sua maneira.
O leão encontra um escorpião desesperado a beira do rio. O leão pergunta: mas o que houve? E o escorpião: tenho que ir para a outra margem do rio encontrar minha família ou vou me perder para sempre. Mas se entrar morro afogado. O Leão na sua infinita bondade (hum!): Não se preocupe, nado bem. Suba nas minhas costas e levo você até lá. Só me promete(promesas!!!!) que não vai me picar. O escorpião pulando de alegria: claro que não, claro que não. O Leão se abaixa e o escorpião sobe. O leão enfrenta a correnteza e no meio do rio o escorpião sem pensar pica o Leão, que decepcionado diz: Mas vamos morrer os dois...E o escorpião: é a natureza, é a natureza.

Feliz dia dos namorados.

domingo, 18 de maio de 2008

A POMBA NÃO MAIS GIRA

Matei. Sim confesso matei pela primeira vez. Foi uma pomba, mas foi. Espero que ninguém ou nada estivesse incorporado nela.

Ela tentou voar, mas como eram oito da manhã, meio sonolenta bateu no protetor do carter e foi para baixo do pneu dianteiro direito, do meu lado, para ficar mais dramático. Girando, girando.

Se somos todos espíritos e voltamos em qualquer corpo vivo, tinha alguém ali. Fico imaginando quem poderia ser e como vai voltar.

"A dor maior da morte é não morrer de verdade. Morrer aos poucos. Assim como algumas coisas morrem muito lentamente na vida da gente; A primeira pessoa que ocupou aquele corpo sentiu uma dor terrível. Uma dor de amar e de perder. E ela seguiu amando, achando que a relação termina e a gente, seguindo amando, tem que se acostumar com a ausência do outro, com a sensação de perda, de rejeição e com a falta de perspectiva, já que ainda estamos tão embrulhados na dor que não conseguimos ver luz no fim do túnel.
Quando enxergou a luz no fim do túnel veio a outra dor, a de que temos agora um ritual de despedida. Podemos esvaziar o coração, de remover a saudade, de ficar sem sentimento por outra pessoa(pombo).

Isso doeu mais ainda e ela quis sair desse corpo de pomba e ser um cachorro no qual o sexo é por instinto. A gente (eles) saem cheirando, cheirando e pronto. 5 segundos depois tudo passou

A pessoa que a deixou, a fez morrer e virar pomba, já não interessa mais, mas interessa o amor que sentíamos por ela, aquele amor que nos justificava como seres humanos, que nos colocava dentro das estatísticas: “Eu amo, logo existo”. Despedir-se de um amor é despedir-se de si mesmo. É o arremate de uma história que terminou, externamente, sem nossa concordância.*

Mas aquele corpo precisa sair de dentro da gente. E foi assim que mais um espírito saiu em busca de outro corpo. A pomba anônima me fez ver que a pessoa que estava bem ao meu lado não existe mais. Era apenas a expressão do meu desejo de ser.


*com a licença poética do Rodrigo

segunda-feira, 5 de maio de 2008

ABSURDO

Indignação.
Esta é a palavra exata. A Praça Nossa Senhora da Paz, coração de Ipanema, há mais de 30 anos abriga uma banca de revista que para muitos é uma referência cultural. Lá você encontra tudo que não encontra nas outras. O atendimento é impecável e a qualidade das revistas e jornais também.
Pois bem, uma lojinha chamada FARM- até bem pouco tempo suplicava compradores nas Babilônias Feiras Hypes da vida - com seu estiloso mal gosto neo-hippie, solicitou à prefeitura que a banca fosse retirada do local. Motivo: atrapalha o seu negócio.
Arrogantes, prepotentes é o mínimo que podemos dizer. Palavrão não vale. Talvez um tiro no pé. Espero que a notícia se espalhe. Vamos criar no Orkut uma comunidade "Eu odeio a Farm". Passe na banca em questão. Lá você encontra listas para assinaturas para que a banca permaneça. É assim que construímos nosso direitos e uma cidade. Passe adiante.
Indignado.

sexta-feira, 2 de maio de 2008

PRESENÇAS

Na última postagem estava choroso pelas ausências. Mas esse poder de regeneração que temos é realmente impressionante. Passamos a pesar o que vale a pena ou não em nossoas vidas, porque sofrer e se sofrer na medida certa. Fico impressionado como as pessoas de 20 e poucos anos atualmente só tem uma coisa na sua frente: um espelho. Definição sobre o problema a luz freudiana:
Já o sofrimento é mais comum, pois ele provém de três grandes fontes: (1) nosso próprio corpo; (2) o mundo externo; e (3) nossos relacionamentos com os outros homens. Para Freud, a maior fonte de sofrimento são nossos relacionamentos. Se o outro, por um lado, apresenta-se, em sua irredutível dimensão de pessoa, como o inferno corporificado, de outro lado, sem o encontro com ele, não haveria mundo humano. A constituição da esfera psíquica depende do encontro com a alteridade. Encontro esse sempre traumático. No início da constituição do sujeito, este não reconhece o outro, pois vive no auto-erotismo uma situação de auto-suficiência. Nesse caso, a frustração é baixa ou inexiste. Só quando o sujeito percebe sua dependência do outro a questão da frustração passa a ser crucial. Segundo Freud, o ego passa pela transformação de ego-prazer para ego-realidade, e as pulsões sofrem alterações que levam o auto-erotismo original ao amor objetal (Freud, 1911/1976, p. 284).

O inferno são os outros. O sofrimento desta geração vai ser enorme. O ego deles não cabe num airbus, no entanto a inteligência cabe numa Van.

sábado, 26 de abril de 2008

A AUSÊNCIA

De todos os sentimentos a saudade talvez seja a mais difícil de lidar. Eu não consigo lidar bem com ela. Choro muito pelos que se foram, sinto falta daqueles que não deveria sentir. Confundo sentimentos. Sofro, sofro, pior que novela mexicana. A saudade está ligada diretamente com a arte de perder. Perdemos tantas coisas pelo caminho que esquecemos que não suportamos perder. Perder o jogo, perder o amigo, perder o amor...a chave ah! a chave — Mesmo perder você (a voz, o riso etéreo, a bochecha apertada que eu amo) não muda nada. Pois é evidente que a arte de perder não chega a ser mistério por muito que pareça.
Drummond escreveu este poema para uma pessoa aquela que deixou a vida e o abandonou. Eu replico com a licença do poeta para aqueles que me abandonaram e continuam na vida.

A um ausente
Tenho razão de sentir saudade, tenho razão de te acusar.
Houve um pacto implícito que rompestee sem te despedires foste embora.
Detonaste o pacto.
Detonaste a vida geral, a comum aquiescência de viver e explorar os rumos de obscuridade sem prazo sem consulta sem provocação até o limite das folhas caídas na hora de cair.
Antecipaste a hora. Teu ponteiro enlouqueceu,
enlouquecendo nossas horas.

Que poderias ter feito de mais grave do que o ato sem continuação, o ato em si,
o ato que não ousamos nem sabemos ousarporque depois dele não há nada?
Tenho razão para sentir saudade de ti,
de nossa convivência em falas camaradas,simples apertar de mãos, nem isso, voz modulando sílabas conhecidas e banais que eram sempre certeza e segurança.
Sim, tenho saudades.
Sim, acuso-te porque fizeste o não previsto nas leis da amizade e
da natureza nem nos deixaste sequer o direito de indagar porque o fizeste,
porque te foste.

domingo, 13 de abril de 2008

A VÍRGULA

Em uma postagem critiquei o nível da nossa publicidade recente. Mas esta semana uma campanha espetacular estava na mídia. Com anúncios na Folha e no Globo e um filme para TV, a agência África deu uma lição sobre o óbvio. Ele, que está na nossa frente e sempre escolhemos o lado mais difícil e complicado, é um aliado na criatividade e no entendimento coletivo de uma mensagem.

A dupla de criação mostra através da mudança de vírgulas como a percepção pode mudar os fatos. A campanha comemora os 100 anos da ABI e apresenta também sua nova identidade visual.

Não sei se houve inspiração mas, José Saramago no romance "A História do Cerco de Lisboa" conta como toda história de Portugal foi modificada pela inserção de apenas uma palavra.
Uma história óbvia, assim como todos os temas dos seus romances, mas que acabam em primorosas obras.

Ave, Nizan ou seria Ave Nizan. Veja o filme: http://www.youtube.com/watch?v=2g9FlA6tiOc

sexta-feira, 21 de março de 2008

LEMBRANÇAS

Na Sexta-feira da paixão é costume do povo baiano cheio de religiosidade andar pelo maior número possível de igrejas da cidade. São trezentos e sessenta, dizem, uma para cada dia do ano.

Uma tia minha tinha essa religiosidade - minha também, quando passei no primeiro vestibular para medicina fui andando de casa a té a igreja do Bonfim(sic!) - e nos arrastava da sete da manhã às sete da noite por várias igrejas. Eu não me lembro quantas fazíamos, mas eram dezenas. Entravámos, toda a igreja tinha panos roxos por tudo que é lugar e no centro o corpo de Cristo. Tínhamos de, ainda por cima, entrar numa fila para beijar a estátua.

Como eu tinha medo daquilo. Sair da igreja era uma alegria enorme. Talvez eu tivesse a certeza que o paraíso estava perto, já que aos domingos o almoço era farto, podia beber vinho e ganhava chocolates.

A fé é algo estranho e que hoje me causa estranheza. A fé em objetos mais ainda. Mas, indiscutivelmente, move montanhas.

domingo, 9 de março de 2008

A REVOLUÇÃO SERÁ TELEVISIONADA

Para os magos e entendidos de plantão sobre a morte da TV, leiam o artigo de 9 de março de Michael Hirschorn, na Folha de São Paulo, caderno Mais!. Transcrevo aqui apenas o lead ou começo, para ser menos pedante:

"Uma das coisas mais cansativas nos devotos das novas mídias é sua convicção, em nada diferente daquela ostentada por pessoas que aderem a cultos religiosos: para eles, ou uma pessoa "entende" o que é importante ou não entende. Ainda que seja um costume cansativo, isso não quer dizer que não estejam certos, pelo menos em certa medida."

quarta-feira, 5 de março de 2008

A IDADE DO DÉBITO

Almoço semanal, diversas pessoas do trabalho. Na hora da fila de pagamento, uma senhora de uns 60 anos - ela que não leia este blog - colocava a senha, travou. Travou solenemente. Agora além da senha o banco pede ou dia ou mês ou ano de nascimento. Ao solicitar esta informação a senhora ficou indignada. "eu não vou dar esta informação". Mas como assim, pensei. Todo mundo já irritado na fila e ela confabulava com a outra também de sessenta sobre quem iria ver sua idade. A segunda falou: pára com isso, coloca logo o ano. É igual a senha, ninguém sabe". "Não acredito", disse a senhora irritando mais ainda todo mundo. "Eu não vou dizer minha idade pra ninguém". Mas todo mundo lá na rua já sabe que vc tem mais de sessenta, falou a outra em tom de deboche.

Pronto. Esta foi a deixa para um dos mais engraçados barracos que já vi na minha vida.

Quando a máquina de débito pedir o ano de seu nascimento esconda mais do que a senha. É uma crueldade. Lembro uma peça, Três Mulheres Altas, com a Beatriz Segall, Nathalia Thimberg e Marisa Orth, na qual a primeira estava no leito de morte e insistia em mentir sua idade. Quando ela dá o ultimo suspiro a personagem da Nathalia cheia de ódio diz: "ela escondia a idade. O que não entendo é que ela diminuia somente um ano. Só um ano. Por que não cinco, seis, oito. Só um ano, meu deus!"

sábado, 1 de março de 2008

PAIXAO É UMA COISA QUE DÓI

Paixão é uma coisa que dói e corrói....paixão acelera os hormônios, faz você verificar a pressão e acredita que alguma coisa pode dar certo. Hum!(de dúvida, não de prazer. Existem interjeições para diferenciar?). Paixão incomoda, deixa você idiotizado, hipnotizado, vivendo uma vida que não é a sua. Paixão é ir no Maracanã e sofrer ao ver um juiz despreparado acabar com o fogão (Lula deveria se meter neste Judiciário, não no outro. Viva Fidel!, ditador assumido). Mas no outro dia você continua discutindo quem jogou melhor. Pensando bem, isto é amor...prefiro o canto da torcida paulista (eu sofro por ti corinthians). Paixão é sofrimento, são dois pesos e uma medida e você tá sempre over. Menos, menos, dizem meus amigos.
Eu sempre gosto de reler Pessoa nestas horas: Pousa um momento, um só momento em mim, não só o olhar também o pensamento. E que a vida tenha fim neste momento. Olhando a mim vejo a ti e tudo de ti que a minha vida tem.

PS. Luisa: Ilusorama já está nas bancas. Teve uma festa bacana de lançamento dia 20. A equipe que escreve é fantástica. É sobre luxo, moda, muito luxo, mas os artigos não são fúteis, são bem escritos e completos. Bruno, fica triste não vai ter muita pereba pra você cuidar rs...

quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Criativosos I

Em uma das crônicas no começo deste blog faço uma colocação sobre a mania de todos se acharem criativos e publicitários. Em especial redatores. Como professor vejo cada vez menos alunos se interessarem por esta arte (redação) ou quando o fazem não tem leitura, bagagem, nem tratos com o idioma.


Como resultado os clientes e os publicitários ficam se perguntando porque estamos menos criativos, ganhando menos prêmios e vendo um festival de coisas ruins na Tv, jornais etc, etc. Querem umas amostras, então vamos lá (não é crítica pela crítica, vejam e confirmem):


1. O filme do plano Memorial Saúde no qual o roteiro/história se desenvolve sobre um homem grávido ou uma analogia de que pagamos o que nunca vamos usar. Produção ruim, atores piores ainda e um conceito que beira ao grotesco. Ataca-se a concorrência sem estudo nem planejamento, apenas por que ficou engraçadinho, quando todos nós sabemos que nenhum plano sobrevive sem cobrar o que o cliente não usa. Esta é a lógica. No busdoor da mesma campanha as letras estão em um corpo mínusculo - ou seja falta de conhecimento da linguagem de cada veículo - e um título quilométrico.


2. O Filme do Renault Logan. Ao contrário do anterior, produção cara, ator excelente, mas o conceito desenvolvido pela agência...fiz uma pesquisa entre 10 amigos e perguntei se alguém sabia a distância entre eixos ou se alguma vez tinha se preocupado com isso. Ninguém. Este é o diferencial do carro. A maior distância entre eixos de carros feitos no Brasil (uau!) e o maior tamanho (issa!) . A gente preocupado em ter conforto, que o carro nao quebre, que dure muito, que tenha um senhor design e a agência...Ah! ainda falam que você vai gastar um real, veja bem um real por dia de manutenção...Coitado do Pedro Cardoso.


3. Este vai envelhecer, mas tem de ser analisado. A Unimed prima por campanhas espetaculares. Mas o filme de carnaval dá uma volta tão grande que fiquei tonto. E olha que é sobre bebida. Antes de chegar no ponto, no foco, no conceito*, o criativo mostra várias coisas - que vc nunca vai fazer com certeza se beber -como andar na corda bamba, procurar o buraco da agulha(sic!),usar a lâmina de barbear. O título é "Se beber não faça". Como seria criativo se fossemo óbvios e direto no ponto.


Ma nem tudo está perdido. Tem coisa boa na mídia. Revista nova e do Rio. Não deixem de comprar, Ilusorama. Projeto gráfico excelente, textos bons e editorial idem.



* como vou apresentar o produto as pessoas, como vou falar com elas e mostra meu diferencial.

sábado, 26 de janeiro de 2008

Prece

Há muito não passava caminhando pela N. Senhora de Copacabana e hoje voltando do dermato, vi algo parecido com um cinema novo. Bonito, luxuoso.Feliz da vida pensei " legal, voltando os cinemas de rua". Ao olhar para cima, no entanto, lá estava a placa " Jesus Cristo é o Salvador". . . Deus, se estás me ouvindo, manda uma praga bem dura para que usa seu nome em vão, engana os trouxas, tá na prisão em Miami, estas coisas...assim não dá.
Lutero ao criar uma dissidência da igreja católica reinterpretou o evangelho para que parassemos de acreditar em ídolos de pedra, comprar indulgências e um lugar no céu. Tudo que estas igrejas evangélicas que estão por aí fazendo.

SAMBA NO PÉ

Definitivamente, Natalia Guimarães, nossa espetacular Miss Brasil aprendeu a sambar com a japonesa que a derrotou.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

15 dias de férias

A primeira postagem do ano. Escrever sobre o quê? Não bebi muito, não comi muito, não exagerei em nada, volto a trabalhar segunda. Sempre tirei férias, na minha época de odontologia/medicina eram férias mesmo, um mês viajar, Europa ou Nova York, depois Estados Unidos.
Agora como publicitário as férias estão mais curtas, ainda trouxe trabalho para casa para que outros possam ter férias. De uns tempos para cá passei a ter estas atitudes. Andei muito, resolvi problemas, mergulhei, várias vezes ao dia, a hora que dava vontade. A noite principalmente, com esse calor é muito bom. Faça isso.
Procurei carro para trocar, rodei muito, fui enganado, fui enganado e acabo com àquela sensação de que fui enganado.
Somos o único país do mundo com férias tão longas. Nos Estados Unidos as férias são proporcionais aos anos trabalhados, ao seu desempenho, ao desempenho da empresa e as necessidades delas de você se ausentar. Cinco dias pra começo de conversa.
As férias aqui são sagradas e de acordo com a necessidade do trabalhador ou no período que ele determina. Lembro das famosas listas de férias.
Precisamos rever urgentemente nossa legislação trabalhista.