domingo, 18 de maio de 2008

A POMBA NÃO MAIS GIRA

Matei. Sim confesso matei pela primeira vez. Foi uma pomba, mas foi. Espero que ninguém ou nada estivesse incorporado nela.

Ela tentou voar, mas como eram oito da manhã, meio sonolenta bateu no protetor do carter e foi para baixo do pneu dianteiro direito, do meu lado, para ficar mais dramático. Girando, girando.

Se somos todos espíritos e voltamos em qualquer corpo vivo, tinha alguém ali. Fico imaginando quem poderia ser e como vai voltar.

"A dor maior da morte é não morrer de verdade. Morrer aos poucos. Assim como algumas coisas morrem muito lentamente na vida da gente; A primeira pessoa que ocupou aquele corpo sentiu uma dor terrível. Uma dor de amar e de perder. E ela seguiu amando, achando que a relação termina e a gente, seguindo amando, tem que se acostumar com a ausência do outro, com a sensação de perda, de rejeição e com a falta de perspectiva, já que ainda estamos tão embrulhados na dor que não conseguimos ver luz no fim do túnel.
Quando enxergou a luz no fim do túnel veio a outra dor, a de que temos agora um ritual de despedida. Podemos esvaziar o coração, de remover a saudade, de ficar sem sentimento por outra pessoa(pombo).

Isso doeu mais ainda e ela quis sair desse corpo de pomba e ser um cachorro no qual o sexo é por instinto. A gente (eles) saem cheirando, cheirando e pronto. 5 segundos depois tudo passou

A pessoa que a deixou, a fez morrer e virar pomba, já não interessa mais, mas interessa o amor que sentíamos por ela, aquele amor que nos justificava como seres humanos, que nos colocava dentro das estatísticas: “Eu amo, logo existo”. Despedir-se de um amor é despedir-se de si mesmo. É o arremate de uma história que terminou, externamente, sem nossa concordância.*

Mas aquele corpo precisa sair de dentro da gente. E foi assim que mais um espírito saiu em busca de outro corpo. A pomba anônima me fez ver que a pessoa que estava bem ao meu lado não existe mais. Era apenas a expressão do meu desejo de ser.


*com a licença poética do Rodrigo

segunda-feira, 5 de maio de 2008

ABSURDO

Indignação.
Esta é a palavra exata. A Praça Nossa Senhora da Paz, coração de Ipanema, há mais de 30 anos abriga uma banca de revista que para muitos é uma referência cultural. Lá você encontra tudo que não encontra nas outras. O atendimento é impecável e a qualidade das revistas e jornais também.
Pois bem, uma lojinha chamada FARM- até bem pouco tempo suplicava compradores nas Babilônias Feiras Hypes da vida - com seu estiloso mal gosto neo-hippie, solicitou à prefeitura que a banca fosse retirada do local. Motivo: atrapalha o seu negócio.
Arrogantes, prepotentes é o mínimo que podemos dizer. Palavrão não vale. Talvez um tiro no pé. Espero que a notícia se espalhe. Vamos criar no Orkut uma comunidade "Eu odeio a Farm". Passe na banca em questão. Lá você encontra listas para assinaturas para que a banca permaneça. É assim que construímos nosso direitos e uma cidade. Passe adiante.
Indignado.

sexta-feira, 2 de maio de 2008

PRESENÇAS

Na última postagem estava choroso pelas ausências. Mas esse poder de regeneração que temos é realmente impressionante. Passamos a pesar o que vale a pena ou não em nossoas vidas, porque sofrer e se sofrer na medida certa. Fico impressionado como as pessoas de 20 e poucos anos atualmente só tem uma coisa na sua frente: um espelho. Definição sobre o problema a luz freudiana:
Já o sofrimento é mais comum, pois ele provém de três grandes fontes: (1) nosso próprio corpo; (2) o mundo externo; e (3) nossos relacionamentos com os outros homens. Para Freud, a maior fonte de sofrimento são nossos relacionamentos. Se o outro, por um lado, apresenta-se, em sua irredutível dimensão de pessoa, como o inferno corporificado, de outro lado, sem o encontro com ele, não haveria mundo humano. A constituição da esfera psíquica depende do encontro com a alteridade. Encontro esse sempre traumático. No início da constituição do sujeito, este não reconhece o outro, pois vive no auto-erotismo uma situação de auto-suficiência. Nesse caso, a frustração é baixa ou inexiste. Só quando o sujeito percebe sua dependência do outro a questão da frustração passa a ser crucial. Segundo Freud, o ego passa pela transformação de ego-prazer para ego-realidade, e as pulsões sofrem alterações que levam o auto-erotismo original ao amor objetal (Freud, 1911/1976, p. 284).

O inferno são os outros. O sofrimento desta geração vai ser enorme. O ego deles não cabe num airbus, no entanto a inteligência cabe numa Van.