quinta-feira, 26 de novembro de 2009

(RUIM) DO COMEÇO AO FIM

Criticar o trabalho dos outros é muito chato, até porque tenho trabalhos como publicitário muito ruins (colocamos a culpa no cliente). Mas fui assistir uma pré-estréia de um um filme nacional, DO COMEÇO AO FIM (por engano, cancelaram Coco Channel para esta pré-estréia). Sempre atribuo o sucesso de um filme ao seu roteiro. Não existe bom diretor que faça milagre de levantar um roteiro ruim, mas um péssimo diretor pode estragar um bom roteiro. Infelizmente o filme não tem roteiro. É apenas um grande clipão gay de cenas soltas, sem nexo, pé ou cabeça. Ou na linguagem dos roteiristas não tem começo, meio e fim, e ligando estas partes, não necessariamente nesta ordem, o drama. Drama é o que nos dá identidade como ser humano, que nos faz trocar empatias, simpatias e antipatias. Os gays vão até elogiar. Os atores são bonitos, jovens, fogem a clichê habitual de gays afetados, mas saíram do cinema soltando cobras e lagartos.
O melhor papel do filme, que poderia criar uma forma de antagonismo, o roteirista/diretor mata. Acho que todos os roteiristas de novela deveriam criar roteiros de cinema, obrigatoriamente. Não que as novelas sejam um primor, mas ninguém como eles sustenta um drama por mais de duzentos capítulos. Ou seja, uma hora e meia é fichinha.
Fico aborrecido. Imagine o esforço, o trabalho dos atores, produção, edição para ser um fracasso de bilheteria? Mas que filme ruim.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

E OS DEPUTADOS NÃO SABEM NADA DE INTERNET

Historinha pra assessor de deputado: a campanha do Fernando Gabeira a prefeitura que não ia dar em nada começou a ser disseminada viralmente por um blog e por pouco não chegou lá. Ou se eles não entederam ainda, vamos simplificar: eu vou a praia, ali em São Conrado, na mesma praia que frequentam os moradores da rocinha. O meu grupo não leva nada para comer (vergonha de classe média), um grupo de turistas ao meu lado abre uma latinha de caviar e mais adiante os moradores comem sua farofa. E ao final de tudo todos se banham na mesma praia poluída e fetida. A democracia da praia é a democracia da internet, este meio de comunicação que assusta todo mundo, com várias teorias e vários erros sobre ele. E vários acertos ( a mídia incensa esta outra mídia: vide a campanha do Obama, o twitter dos aiotolás e o blog da Petrobras.)Observem como este blog pessoal e intransferível pode ser punido:

Como é hoje: é proibida, em todas as suas formas, exceto no site do próprio candidato. (não acontece)

Como pode ficar: continuará sendo proibido comprar espaços publicitários em portais, sites, blogs, redes de relacionamento etc. Mas será aceitável, apenas a partir de 5 de julho do ano da eleição, que o próprio candidato faça propaganda em seu site (cujo registro terá de ser comunicado à Justiça Eleitoral) que terá necessariamente de estar hospedado em “provedor de serviço de Internet estabelecido no país”.

Também está autorizado esse tipo de propaganda (desde que gratuita) em sites de partidos e coligações (sempre comunicando previamente à Justiça Eleitoral), “por meio de mensagem eletrônica para endereços cadastrados gratuitamente pelo candidato” e “por meio de blogs, redes sociais, sítios de mensagens instantâneas e assemelhados de candidatos, partidos ou coligações ou de iniciativa de qualquer pessoa natural”.

Impossível. Começei meu texto falando em assessores porque são eles que municiam os deputados de informações para trabalhar uma lei. Estes assessores falaram para os deputados - a água do mar de São Conrado que banha os moradores da Rocinha não vai chegar perto dos turistas do intercontinental. Srs, a cibervia, cibercultura, etc, etc, criaram urnas maiores que o Brasil.

AS FÚRIAS NOSSAS DE CADA DIA

É com prazer que acompanho Som e Fúria. Já havia lido episódios do original canadense, mas a adaptação do Fernando Meireles trouxe algo que somente presenciei com os programas Tv Pirata, Teleteatros e Hoje é Dia de Maria: o estudo de uma nova linguagem para a TV. A Globo arrisca pouco e às outras menos ainda. Não é que o público não goste. É uma questão de hábitos. Se todo os dias às 20h ouvíssemos uma sinfonia ou uma ópera talvez mais jovens gostassem do gênero.

Casar a linguagem teatral (poesia shakespeareana, em particular) com a da televisão e do cinema é uma tarefa das mais difíceis. Conseguir chegar a 16% de audiência uma vitória e em um horário ingrato. Talvez se explique pelo diretor transitar pela publicidade onde estas linguagens e experimentos são mais frequentes.

Quem quiser ver um exemplo genial desta experimentação entre linguagens, pegue o filme RICARDO III-UM ENSAIO, dirigido e estrelado por AL Pacino, de William Shakespeare sobre poder, cobiça e traição, onde ele consegue ao mesmo tempo fazer um filme e mostrar os bastidores e o processo criativo de composição da peça.

Talvez a novas TVs da internet sejam o lugar onde estas linguagens vão se cruzar sem compromissos comerciais e daí partir para o grande público. O autor Aguinaldo Silva já alertou várias vezes para este problema, a falta de novas linguagens na televisão. A fúria com que falamos da programação das redes - em especial aos domingos - possa finalmente incomodar os dirigentes e alertar que é preciso um novo som (mesmo que seja um clássico) para deixar aquela zona de conforto em que time que está ganhando não se mexe.

PS. Nunca vi a Globo tratar com tanta fúria um diretor, Gerald Thomas ou Osvaldo Tomas. Será que ele odeia o teatro tanto assim, vamos consultar a Barbara Heliodoro...

domingo, 17 de maio de 2009

PARA O AMIGO JAVIER BARDEN

Aquela criança de sempre

Sou esse menino desagradável, sem dúvida inoportuno, de cara redonda e suja, que fica nos faróis, onde as grandes damas tão bem iluminadas, ou onde as meninas que parecem levitar, projetam o insulto de suas caras redondas e sujas.
Sou uma criança solitária, que o insulta como uma criança solitária, e o avisa: se por hipocrisia você tocar na minha cabeça, aproveitarei a chance para roubar-lhe a carteira.
Sou aquela criança de sempre, que provoca terror, por iminente lepra, iminentes pulgas, ofensas, demônios e crime iminente.
Sou aquela criança repugnante, que improvisa uma cama de papelão. E espera, na certeza,que você me acompanhará.

Reinaldo Arenas

terça-feira, 28 de abril de 2009

A EXCLAMAÇÃO


Eu não gosto de exclamação. Aliás, publicitário algum deveria gostar. Na próxima reforma abaixo a exclamação. Já vi textos assim: Condições Imperdíveis!!! Me diz ou me explica como alguém exclama três vezes?

A campanha do COB para trazer as Olimpíadas para o Brasil tem um Eu Quero! com exclamação. Dois erros graves. Primeiro a exclamação, já que estamos afirmando que queremos as Olipíadas por aqui e segundo o EU quando deveria ser Nós Queremos, afinal Olimpíada lembra coletividade, gente, povo etc.

Para dizer que não é implicância, estou no aeroporto esperando meu irmão e soube, pela quantidade de repórteres no aeroporto, que no mesmo vôo estaria a comitiva do COI para visitar a cidade. Claro que estavam vários carros pretos grandes; o Sr. Prefeito, o Nuzmam e outros togados. E uns funcionários de segundo escalão esperando numa van os funcionários de segundo escalão deles. Só que na minha modesta percepção são esses que decidem. Uma funcionária já desceu com uma camera na mão e tirou foto de todo aeroporto. Logo em seguida ela viu um banner enorme com o Eu Quero! e disparou para o nosso funcionário de segundo escalão, ao meu lado, num português claro: Porque eu e não nós? O funcionário gaguejou, gaguejou e não respondeu. Não tem resposta. Talvez aqui caiba uma exclamação.
Acho que, por causa da bendita exclamação e do eu, o apelo feito em rádio, Tv, para que o carioca colocasse bandeiras em sinal de apoio não surtiu efeito. Não vi uma sequer.

COZINHEIROS E OUTRA FAÇANHAS

Virou uma febre os programas de cozinheiros, chefs, gourmet e sei lá mais o quê. Mas esta semana em uma TV por assinatura assiti a um imbátivel. Não lembro o nome, só sei que ele queria facilitar a vida da gente ensinando um como fazer um peixe defumado. Não, não vá ao mercado. É tudo muito simples. Você pega uma gaiola de esquilo (como assim?) que você tem em casa, fácil, fácil. Nessa gaiola você põe feno, ah! mas não pode ser um feno comum, tem de ser o da Irlanda. Depois coloque o peixe no feno e toque fogo no quintal da casa (sugiro não fazer em apartamento). Melhor que o CQC, o Pânico e O Casseta e Planeta juntos.

Mas ele não é o único. Tem a Nigella Lawson que a eu chamo de nogentela, porque ela lambe a colher e coloca de volta na receita, abre a geladeira no meio da noite come e coloca o resto de volta. Não esqueça de colocar seu nome. Tem o Jamie Oliver ou Jamie "chato" Oliver, o cara é uma mala na sua cruzada por fazer com que os ingleses gordinhos fiquem magrinhos e saudáveis. Ele gosta do Brasil e de feijoada. Suas receitas são tão rápidas que outro dia ele abriu uma lata de doce em calda bateu o creme de leite arrumou tudo no prato e...voilà. Tem o Gordon Ramsey, cara mau do Hell's Kitchen que só falta açoitar os participantes deste reality fogão. Tem o galã( não podia faltar) que pega a dona de casa no supermecado, cozinha e espera o marido ( a cara deles é espetacular). E o outro só de comida com influência soul americana, outro de comida minimalista... e a gente vai se divertindo e comendo fora.

sexta-feira, 6 de março de 2009

VAMOS EXCOMUNGAR O BISPO

O arcebispo de Olinda e Recife, Sr. José Cardoso Sobrinho, em nome de Deus (sic!) excomungou todos que participaram do processo para caso da menina de 9 anos, estuprada pelo padrasto, que estava grávida de gemeos. Em nome de Deus. Um dos preceitos da igreja Católica, na qual a maioria dos brasileiros foram comungados é não usar o nome dele em vão. Usam sem a menor cerimonia.

Vamos excomungar este bispo e todos os outros idiotas que em nome de um dogma, querem se sobrepor as leis da natureza. A menina corria risco de vida, a menina ficou grávida por estupro, a menina não tem a menor consciência do que está acontecendo com ela.

Quando padres e bispos abusam de menores, qual a posição do Sr. José? Nenhuma. Não abre a boca, envergonhado da atitude dos seus pares. Agora vem querer em cima de uma tragédia pregar uma moral sem sentido, inexistente em qualquer escrito bíblico.

A invenção da excomunhão é nossa Sr. José, de srees humanos. Deus pregou "vinde a mim as crianças e os pecadores" e não excluiu ninguém do seu convívio. Depois os chefões da igreja se perguntam porque as outras religiões crescem. Não precisa nem fazer pesquisa.

Usando as palvras do jornalista Ricardo Kotscho: E pensar que esta mesma Arquidiocese de Olinda e Recife já foi ocupada por um homem como meu amigo dom Hélder Câmara, o bispo que nos tempos mais sombrios da ditadura militar, arriscava a própria vida para salvar a vida dos outros. Tenho certeza de que esta Igreja que dom Sobrinho diz representar não é a minha Igreja e não é a Igreja de dom Hélder. Alguém está na Igreja errada.

Ainda bem que tenho fé, somente fé.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

A LATINHA E A CRIATIVIDADE


Uma das cenas mais criativas, vi neste carnaval. Catar as latas de alumínio já é um trabalho duro, imagine amassar uma por uma. Pois bem, eles agora tem uma máquina. O ônibus pára no ponto e lá vem o catador com 3 sacos enormes que coloca enfileirados embaixo das rodas traseiras. Quando o ônibus parte, pronto, tá tudo amassado. Sempre coloco para os alunos da universidade que criatividade não reside em quem faz criação em publicidade, ou cria textos de teatro e roteiros de cinema.

A criatividade, em especial nos dias de hoje, é uma arte de olhar o novo, olhar para frente. As escolas de samba são um ótimo exemplo de criatividade, sem pre foram e lendo entrevista de Fernando Pamplona (para quem não sabe o carnaval é antes e depois dele, todos os carnavalescos - Joãosinho, Maria Augusta, Rosa, Arlindo - beberam nesta fonte) no jornal de domingo acredito que chegou a hora de uma nova virada. Só se reclama, todos os anos, da falta de dinheiro nas escolas e só ganha quem teve "patrocinador". A escola que teve 8 milhões para fazer carnaval leva o título. A virada criativa, aqui discordadno da opinião do Pamplona, pode assumir definitivamente o merchandising nas escola. Atualmente é tudo velado, por debaixo dos panos. (contravenção, lavagem etc).

A Formula 1 abastece sua criatividade através do merchandising em carros e pilotos. E olha que é muito mais cara. A cada ano a FIA impõe restrições aos carros para ficarem mais lentos e a critividade dos engenheiros derruba todos os limites. Carros cada vez mais rápidos, mais seguros, mais econômicos. Em breve carros de fórmula 1 elétricos. Anota aí. As escolas precisam de regulamentos que as tornem mais equilibradas e com liberdade de captação de recursos e que vença a a mais criativa. É só ver na hora da apuração. Todos os quesitos são nota dez. Como diferenciar, ver realmente a melhor? Começa com julgadores bem pagos, bem treinados, para em especial saber quando uma comissão de carnaval conta realmente bem um enredo. Não existe uma ópera melhor que a outra. Existe preferência por determinado músico, o que as diferencia da vaia ou aplauso é a montagem, direção e elenco. Quem venha o patrocínio aberto com regras e limites que aumentem a concorrência e dificuldades, estimulando o ser criativo.

PS. também vi coisas nada criativas. A NET colocou bicicletas tipo triciclo com um coitado de um funcionário puxando duas pessoas. Com este calor, os puxadores pareciam que sempre estavam acabados, suando, passando mal. E as pessoas atrás constrangidas, suando muito e com um sorriso amarelo solar.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

A VIDA VIRTUAL


Vou reproduzir - com a licença - a coluna do Rui Castro na Folha de São Paulo, sábado, 14/02 e do Quino a charge aí ao lado.
O jornal impresso é uma mídia física. E, como todas as mídias físicas, corre sério perigo. Nem o tubarão australiano Rupert Murdoch quer mais "imprimir sobre árvores mortas", como ele ingratamente disse. O jornal do futuro será um celular a ser levado na palma da mão, inclusive para o banheiro, que sempre foi o melhor lugar para ler jornal.O livro também é uma mídia física. E, como tal, igualmente está com as barbas de molho. Para o seu lugar, já existe o (por enquanto, só nos EUA) Amazon kindle, um leitor de livros eletrônicos do estoque invisível da Amazon, a famosa loja virtual. A engenhoca "baixa" milhares de títulos, do pioneiro "Le morte d'Arthur", de 1485, ao último escritor afegão, irlandês ou africano inventado pelas editoras.O CD também é uma mídia física, e já quase em estado ectoplásmico. Ninguém mais pensa em comprar discos. Com dois toques num aparelhinho, a música que você quer surge de uma discoteca no espaço e penetra para sempre no seu iPod, indo fazer companhia às 180 horas de música que você já armazenou e que, um dia, pretende ouvir, todas de uma vez. E o DVD é outra mídia física em avançado estágio de decomposição. Assim como se "baixam" músicas, "baixam-se" filmes, legal ou ilegalmente -de "A Vida de Cristo", de 1904, ao último Woody Allen, que ele ainda nem terminou de filmar-, para ser vistos numa telinha de três polegadas. Se você for monoglota, o pirata "baixa" as legendas em português, e estamos conversados. De repente, concluo que, como o jornal, o livro, o CD e o DVD, eu também sou uma mídia física. Donde, como eles, candidato à extinção. Talvez um dia me transforme num espírito puro, virtual. Mas, se puder escolher, vou preferir impuro -não sei se a vida apenas virtual tem essa graça toda.
Eu sou publicitário e o texto me fez pensar o quanto somos mídias físicas, o quanto a publicidade depende disso. Vejo alguns alunos com algumas traquitanas nas mãos que me humilham e me dizem: você é um candidato a extinção também. Plagiando a Mafalda "abaixo o mundo virtual."

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

MY LEFT FOOT IS THAN BIGGER OF MY RIGHT FOOT

WHEN YOU FALL IN LOVE FOR A PHOTO
JUST A PHOTO
IS NOTHING MORE
HOW CAN I EXPLAIN
ALL THE WAY, ALL THE WAY WHERE MY REASON END
SO CLOSE
I'M LOOKING FOR YOU IN CARAS AND WAITING IN THE ROOM OF DENTISTRY
HOW IS POSSIBLE TO SEE A VISIBLE KIND OF FACE
AND I'M FREEZE(ICE) NO ONE COULD TELL THE DIFERENCE
I REMEBER 84 Charing Cross Road