É com prazer que acompanho Som e Fúria. Já havia lido episódios do original canadense, mas a adaptação do Fernando Meireles trouxe algo que somente presenciei com os programas Tv Pirata, Teleteatros e Hoje é Dia de Maria: o estudo de uma nova linguagem para a TV. A Globo arrisca pouco e às outras menos ainda. Não é que o público não goste. É uma questão de hábitos. Se todo os dias às 20h ouvíssemos uma sinfonia ou uma ópera talvez mais jovens gostassem do gênero.
Casar a linguagem teatral (poesia shakespeareana, em particular) com a da televisão e do cinema é uma tarefa das mais difíceis. Conseguir chegar a 16% de audiência uma vitória e em um horário ingrato. Talvez se explique pelo diretor transitar pela publicidade onde estas linguagens e experimentos são mais frequentes.
Quem quiser ver um exemplo genial desta experimentação entre linguagens, pegue o filme RICARDO III-UM ENSAIO, dirigido e estrelado por AL Pacino, de William Shakespeare sobre poder, cobiça e traição, onde ele consegue ao mesmo tempo fazer um filme e mostrar os bastidores e o processo criativo de composição da peça.
Talvez a novas TVs da internet sejam o lugar onde estas linguagens vão se cruzar sem compromissos comerciais e daí partir para o grande público. O autor Aguinaldo Silva já alertou várias vezes para este problema, a falta de novas linguagens na televisão. A fúria com que falamos da programação das redes - em especial aos domingos - possa finalmente incomodar os dirigentes e alertar que é preciso um novo som (mesmo que seja um clássico) para deixar aquela zona de conforto em que time que está ganhando não se mexe.
PS. Nunca vi a Globo tratar com tanta fúria um diretor, Gerald Thomas ou Osvaldo Tomas. Será que ele odeia o teatro tanto assim, vamos consultar a Barbara Heliodoro...
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