sexta-feira, 21 de março de 2008

LEMBRANÇAS

Na Sexta-feira da paixão é costume do povo baiano cheio de religiosidade andar pelo maior número possível de igrejas da cidade. São trezentos e sessenta, dizem, uma para cada dia do ano.

Uma tia minha tinha essa religiosidade - minha também, quando passei no primeiro vestibular para medicina fui andando de casa a té a igreja do Bonfim(sic!) - e nos arrastava da sete da manhã às sete da noite por várias igrejas. Eu não me lembro quantas fazíamos, mas eram dezenas. Entravámos, toda a igreja tinha panos roxos por tudo que é lugar e no centro o corpo de Cristo. Tínhamos de, ainda por cima, entrar numa fila para beijar a estátua.

Como eu tinha medo daquilo. Sair da igreja era uma alegria enorme. Talvez eu tivesse a certeza que o paraíso estava perto, já que aos domingos o almoço era farto, podia beber vinho e ganhava chocolates.

A fé é algo estranho e que hoje me causa estranheza. A fé em objetos mais ainda. Mas, indiscutivelmente, move montanhas.

domingo, 9 de março de 2008

A REVOLUÇÃO SERÁ TELEVISIONADA

Para os magos e entendidos de plantão sobre a morte da TV, leiam o artigo de 9 de março de Michael Hirschorn, na Folha de São Paulo, caderno Mais!. Transcrevo aqui apenas o lead ou começo, para ser menos pedante:

"Uma das coisas mais cansativas nos devotos das novas mídias é sua convicção, em nada diferente daquela ostentada por pessoas que aderem a cultos religiosos: para eles, ou uma pessoa "entende" o que é importante ou não entende. Ainda que seja um costume cansativo, isso não quer dizer que não estejam certos, pelo menos em certa medida."

quarta-feira, 5 de março de 2008

A IDADE DO DÉBITO

Almoço semanal, diversas pessoas do trabalho. Na hora da fila de pagamento, uma senhora de uns 60 anos - ela que não leia este blog - colocava a senha, travou. Travou solenemente. Agora além da senha o banco pede ou dia ou mês ou ano de nascimento. Ao solicitar esta informação a senhora ficou indignada. "eu não vou dar esta informação". Mas como assim, pensei. Todo mundo já irritado na fila e ela confabulava com a outra também de sessenta sobre quem iria ver sua idade. A segunda falou: pára com isso, coloca logo o ano. É igual a senha, ninguém sabe". "Não acredito", disse a senhora irritando mais ainda todo mundo. "Eu não vou dizer minha idade pra ninguém". Mas todo mundo lá na rua já sabe que vc tem mais de sessenta, falou a outra em tom de deboche.

Pronto. Esta foi a deixa para um dos mais engraçados barracos que já vi na minha vida.

Quando a máquina de débito pedir o ano de seu nascimento esconda mais do que a senha. É uma crueldade. Lembro uma peça, Três Mulheres Altas, com a Beatriz Segall, Nathalia Thimberg e Marisa Orth, na qual a primeira estava no leito de morte e insistia em mentir sua idade. Quando ela dá o ultimo suspiro a personagem da Nathalia cheia de ódio diz: "ela escondia a idade. O que não entendo é que ela diminuia somente um ano. Só um ano. Por que não cinco, seis, oito. Só um ano, meu deus!"

sábado, 1 de março de 2008

PAIXAO É UMA COISA QUE DÓI

Paixão é uma coisa que dói e corrói....paixão acelera os hormônios, faz você verificar a pressão e acredita que alguma coisa pode dar certo. Hum!(de dúvida, não de prazer. Existem interjeições para diferenciar?). Paixão incomoda, deixa você idiotizado, hipnotizado, vivendo uma vida que não é a sua. Paixão é ir no Maracanã e sofrer ao ver um juiz despreparado acabar com o fogão (Lula deveria se meter neste Judiciário, não no outro. Viva Fidel!, ditador assumido). Mas no outro dia você continua discutindo quem jogou melhor. Pensando bem, isto é amor...prefiro o canto da torcida paulista (eu sofro por ti corinthians). Paixão é sofrimento, são dois pesos e uma medida e você tá sempre over. Menos, menos, dizem meus amigos.
Eu sempre gosto de reler Pessoa nestas horas: Pousa um momento, um só momento em mim, não só o olhar também o pensamento. E que a vida tenha fim neste momento. Olhando a mim vejo a ti e tudo de ti que a minha vida tem.

PS. Luisa: Ilusorama já está nas bancas. Teve uma festa bacana de lançamento dia 20. A equipe que escreve é fantástica. É sobre luxo, moda, muito luxo, mas os artigos não são fúteis, são bem escritos e completos. Bruno, fica triste não vai ter muita pereba pra você cuidar rs...