quarta-feira, 5 de março de 2008

A IDADE DO DÉBITO

Almoço semanal, diversas pessoas do trabalho. Na hora da fila de pagamento, uma senhora de uns 60 anos - ela que não leia este blog - colocava a senha, travou. Travou solenemente. Agora além da senha o banco pede ou dia ou mês ou ano de nascimento. Ao solicitar esta informação a senhora ficou indignada. "eu não vou dar esta informação". Mas como assim, pensei. Todo mundo já irritado na fila e ela confabulava com a outra também de sessenta sobre quem iria ver sua idade. A segunda falou: pára com isso, coloca logo o ano. É igual a senha, ninguém sabe". "Não acredito", disse a senhora irritando mais ainda todo mundo. "Eu não vou dizer minha idade pra ninguém". Mas todo mundo lá na rua já sabe que vc tem mais de sessenta, falou a outra em tom de deboche.

Pronto. Esta foi a deixa para um dos mais engraçados barracos que já vi na minha vida.

Quando a máquina de débito pedir o ano de seu nascimento esconda mais do que a senha. É uma crueldade. Lembro uma peça, Três Mulheres Altas, com a Beatriz Segall, Nathalia Thimberg e Marisa Orth, na qual a primeira estava no leito de morte e insistia em mentir sua idade. Quando ela dá o ultimo suspiro a personagem da Nathalia cheia de ódio diz: "ela escondia a idade. O que não entendo é que ela diminuia somente um ano. Só um ano. Por que não cinco, seis, oito. Só um ano, meu deus!"

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