sábado, 13 de outubro de 2007

Aplausos...ô me leva que eu vou, sonho meu...

Não sei porque diabos lembrei ou fiquei cantando o samba da mangueira de um ano em que ela homenageou os doces Barbáros e quase caiu para o grupo B. O samba era muito bom e brincava com uma música do Caetano. Acho que foram as palmas do samba que me fizeram lembrar de uma passagem interessante da minha vida com o Paulo Autran. Não quero bater palmas para ele aqui, já que todas as redes e jornais e revistas já o fizeram. Quero falar, antes que minha memória acabe, de duas lições de cidadania que apredi com ele e Marília Pera.
A primeira, Teatro Castro Alves em Slavador, mais ou menos duas mil e trezentas pessoas fora os penetras . A peça (se não em engano ) A Amante Inglesa, com Tonia Carrero. O dia inteiro boatos que ele estava febril e iria ser substituído. A Tonia entra começa a peça, que tem grandes monológos e a platéia prende a respiração...quem vai entrar...silêncio mortal...Paulo entra e antes que pudesse falar alguma coisa, um aplauso de quase cinco minutos. Tonia pede silêncio. Quando vai começar sua fala alguém grita na platéia " Bimbo, eu te amo" (Bimbo era seu personagem na Novela Guerra dos Sexos, de Silvio de Abreu). O Paulo pede silêncio olha para todos e em vez de começar a peça diz: eu faço teatro há 40 anos e nunca, nunca ninguém gritou um nome de um personagem meu em teatro. Viva o poder da televisão. Viva o Bimbo! O Bimbo! vai começar a peça. A Tonia só fazia rir. Pano rápido.
A segunda. Já no Rio. Teatro de Arena, ali na Siqueira onde hoje acho que é uma igreja. A peça Brincando em Cima Daquilo, do Dario Fó. Monólogo/comédia com Marilia Pera. Ela já esperava o público em cena, desde o primeiro sinal, se concentrando. Primeiro sinal e o povo toca a conversar, segundo sinal, idem. Terceiro sinal, as luzes se apagam silêncio...alguém entra atrasado conversando, isto mesmo, conversando alto. Eu só fiquei olhando pra ela. Isto não vai ficar, não pode ficar assim. O casal continua procurando o lugar. Quando sentam, Marilia se levanta: - eu queria pedir aos senhores uma salva de palmas...ninguém entende mas vamos lá...palmas...mais forte, diz ela...Silêncio. E ela complementa: estas palmas foram para as estrelas que acabaram de entrar. Sem elas não teríamos este espetáculo. E começou uma das melhores comédias que já vi. Pano rápido

Um comentário:

Bruno de Faria - Dermatologista disse...

Paulo, que sorte a sua. No dia em que fui assistir Brincando em Cima Daquilo, a satânica Marilia Pera maltratou a platéia. O jogo de ficar tomando chá esperando a platéia entrar, até que se cansassem e começassem a conversar, despertou nela uma vontade de dar esporro que deixou em mim repulsa eterna por ela. Veja o que as experiências fazem com a gente... Abraços. To de volta à esta cidade horrorosa.