terça-feira, 27 de novembro de 2007

DECRETO LEI

A partir de hoje fica decretado o fim da entidade "diabo" este ser, coisa ou objeto que por anos a fio vem levando a culpa dos nossos, dos meus, seus desmandos.
O último beira a um absurdo tão louco que, Eugene Ionesco, o mestre do teatro do absurdo, deve estar culpando o diabo por não ter feito esta sequência:
Cena 1 - O ladrão empurra um italiano para debaixo de um ônibus após roubar, pela décima vez com uma bicicleta em ipanema.
Cena 2 - o ladrã0 foge, o italiano morre, a família espalha pelo mundo que este país é um país de merda.
Cena 4 - o ladrão se esconde em outra favela e vai, como se nada houvesse acontecido, de camisa de manga comprida, bíblia debaixo do braço a um culto. Logo em seguida se entrega, caracterizado de pastor evangélico, à polícia.
Cena 5 - Na TV, o ladrão diz que não levou nada (coitado!) e o pastor envangélico diz: ele estava possuído. Pelo demo.
corta/pano rápido/todos os efeitos especiais do mundo/ para a solidão e a imensa insignificância do ser humano.

domingo, 25 de novembro de 2007

DA JANELA

Janela é um lugar estratégico. No interior ela é valorizada porque as pessoas gostam de ficar no parapeito durante horas jogando prosa fora. Eu gosto muito, o interior presente no meu inconsciente urbano.
Do meu ap tenho um vista privilegiada e perto da rua - barulhenta - onde vejo o ser humano em alguns atos de perfeição e outros de decomposição. Os vizinhos do Bruno são mais pertos, convivências forçadas. Os meus é só fechar a janela que deixo-os para trás.
Uns amigos meus já passaram e me viram na janela e deram o maior grito “sai daí”. Mas não saio.

Vejo gente bonita, muita gente bonita. Vejo gente feia. Vejo brigas de casais que não se aturam mais. Vejo amassos de casais numa árvore estratégica. Já vi vários assaltos, sendo que dois desci correndo, chamei o porteiro e fui atrás. Às vezes temos estes rompantes de indignação. O famoso herói morto. Nada parecido com o interior do meu inconsciente.
Cachorro fazendo xixi e cocô nem se fala. Como este povo gosta de cachorro. (hoje eu soube que eles têm pancreatite também e que morrem rápido por isso. Vamos ter muito choro esta semana).

Vejo a vida passando e o cotovelo ficando branco. Agora você sabe porque o povo do interior tem o cotovelo estragado.

QUANDO O TORTO CORRIGE O ALEIJADO

Fernando Henrique errou de próposito (pra humilhar mais ainda) ao usar o “melhor educados” ou errou mesmo?
Somos todos pior educados na língua portuguesa ou seria menos bem educados?

Na dúvida seja sempre mais bem-educado que tem outro sentido ou esqueça os dois.

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

BLOG EM BRANCO

Antigamente se falava - antes de existir blogs - que a pior coisa para quem escrevia era o papel em branco na sua frente na máquina de escrever. A máquina se foi, tive uma Remington, espetacular, o papel se foi e passamos a corrigir no pensamento. Não existe mais releitura.

Talvez seja sobre isso que eu queira escrever. A falta de releitura. Do ser humano, das situações que vivemos ou de um simples texto para ninguém ler neste blog (fora o Bruno que mudou o nome do blog para http://edificiopalmira.blogspot.com/).

A releitura de situações muda completamente a percepção dos fatos. A minha leitura de violência, criminosos era uma, até me deixarem de short e sandália na linha amarela. Hoje me revolto e fico indignado fácil e exigo pena de morte. Releituras depois das experiências. Em compensação a experiência com o ser humano, quando você está em cargo diretivo, mostra como eles passam a ler você e a tentar colocar toda a maldade que eles já passaram nas suas costas. Frustrações, por não gostar do que fazem, indignação por ganhar pouco; tudo é sua culpa.


O Chefe do meu chefe (forte isso, parece o exército, mas não é não) em uma conversa informal, sentado na escada do trabalho tomando um café confirmou o dado do parágrafo anterior: que o ser humano, na sua releitura, nasce mal e vai tentando se tornar bom até morrer. Daí as religiões, deuses, fé. Tentando.


Voltamos a trabalhar. A palavra trabalho vem do latim tripalium espécie de chicote de três pontas (no pay hora extra, 10 tripaladas), um instrumento de tortura da idade Média. Não havia Getúlio e suas leis que amarram você ao Estado. Se fizessemos uma releitura da palavra e dos trabalhos talvez menos médicos, por exemplo, dados do Cremerj, estariam frequentando psiquiatras. Talvez as pessoas estivessem mais felizes e paracem de culpar ou outros pelo sucesso que elas não fazem.

domingo, 11 de novembro de 2007

MARRENTOS

Não sei se a marra é uma característica do Rio de Janeiro, mas sei que aqui temos os melhores exemplares. Almoço em restaurante a quilo pequeno na minha rua mesmo. Todo final de semana, em uma mesa pra nove, alguns atletas se reúnem, acho que eles são triatletas. Só falam isso, de suplementos e de sobremesas.
Mas o que eu fico perplexo é com a fala. De cada dez palavras, duas são maluco, uma é maneiro e três são caralho. Rico e vasto vocabulário. E se fosse só isso, mas tem a marra. É o seguinte, vamos fazer um exercício ótimo para atores: faça boca de nojo, àquela em que os lábios descem e você fica com cara de cruela cruel. Em seguida mastigue um chiclete. Não existe marra sem chiclete. Estou pensando em registrar um como marrento. Depois tente falar puxando os "esses' e os "erres". Impossível né! Mas eles e elas conseguem.
Almoço me divertindo. E pensativo...

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

SANTIAGO

Vou incensar: parabéns, João Moreira Sales. O documentário Santiago, sobre cenas antigas do mordomo da residência é uma obra-prima. Este é o filme para Oscar.
Os teóricos da comunicação não devem perder. Vão mudar sua visão sobre o poder. Os práticos que entendem tudo de cinema vão sentir a humilhação...uma aula de cinema. Àquilo que o Al Gore fez e ganhou prêmios é lixo. Este é o verdadeiro alerta para a humanidade.
Se não viu, veja.

ANOMIA

Passei o dia inteiro com essa palavar na cabeça. Anomia. Primeiro porque o Bruno me cobrou "cadê os textos"....boa Bruno, cobra mesmo, chicote nele. Minha vida nos últimos dias virou um caos de cabeça pra baixo, um monte de problemas ou seja uma anomia.

Segundo, pelo artigo fantástico, no Globo de hoje (07/11), do Zuenir Ventura. Ele fala sobre a anomia dos jovens nos dias de hoje. Aquele estado de dissonância cognitiva que justifica a ausência de organização, não sendo organizado, ou seja, um estado caótico. O caos é o belo. Vejam os punks em São Paulo, matando e matando e os boys que saem da boite no Rio destruíndo tudo.
É o enfraquecimento das normas sociais de um povo ou grupo social; a desorganização que enfraquece a integração dos indivíduos, deixando-os sem saber como agir, ficando sem uma regulamentação por um período de tempo, indeterminado ou determinado.
Os pais não sabem como educar. Não estão preparados para educar. Governador: a eugenia deve ser total.

Um garoto sai de casa dizendo ao pai que vai para Angra e morrre numa rave de overdose de ecstasy. A norma social vigente é: minta. No congresso, na política, nos relacionamentos, minta, faça teatro (perdão), na família, não tenha limites, valores e ética. Se o meu referencial é um senador que trai a mulher, rouba o país e é inocentado, por que eu vou ter outros valores? Por que dar duro, sair pra trabalhar às seis se eu posso viver emprestando dinheiro, fazendo agiotagem, lucrando com os idiotas?

Minta, minta sempre. Só depois não vai pra TV chorar e dizer que seu filho era bacana. Você não é bacana. Você não pode ter filho.